O caminho para a realização de um trabalho com o intuito de promover algo significativo para a sociedade de uma forma geral nem sempre é fácil.
Estudar e buscar alternativas somando muito e trabalhado e conhecendo novas tecnologias, assim como romper paradigmas experimentar novas ferramentas, ler diversos livros de diversos assuntos assim como Eric Ries fez antes de estabelecer o conceito de Startup enxuta.
“Por isso, passei a ler tudo em que pude colocar as mãos” Ries (2012, p15).
Ler até mesmo livros infantis e de auto ajuda, pois não importa o conteúdo do livro, o que importa é o que você pode fazer com o que está lendo. A leitura expande nossos conhecimentos.
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original” (Albert Einstein).
Trabalhamos para encontrar um caminho que possa tornar o aprendizado mais simples e livre das amarras que são as salas de aula e dos cursos dispostos em consultorias e empresas. Não que as salas de aula e empresas de consultoria sejam ruins, muito pelo contrário, mas descobrir um meio de aprendizado no qual todos possam usufruir, interagir e tentar fazer da melhor forma que conseguir fazendo analogias com o dia a dia.
Hoje a educação já mudou bastante desde o período em que fui aluno do ensino básico, que em 1976 era conhecido como primário. Mas tenho comigo que algo ainda não mudou totalmente. A melhor forma de aprender é fazendo e isso tenho plena convicção que funciona, pois em 1984 fui aluno da escola SENAI Roberto Simonsen onde fiz meu primeiro curso. O de torneiro mecânico. Isso já dá uma ideia que você que está lendo esse texto neste momento possa refletir. No ano de 1983 fui até o SENAI para participar do que chamavam de sessão de orientação, onde os futuros alunos conheceriam as oficinas de aprendizagem e com base no que viram e ouviram dos professores poderiam tomar a decisão de qual profissão aprender. Estava totalmente decidido a cursar eletrônica, pois tinha grande interesse no tema, uma vez que era algo relativamente novo para a época. Ao chegar na oficina de tornearia algo despertou a minha atenção ao processo e fiquei encantado ao ver aquele que um aço mais “duro” removia partes do aço mais “mole”. A partir daí decidi que iria aprender a ser torneiro mecânico. O processo de aprendizagem é o que hoje mais se aproxima da cultura maker (MARINO, 2022). Pela manhã tínhamos aulas teóricas e na parte da tarde tínhamos a oficina. E como começamos a aprender? Desenvolvendo os processos de usinagem intitulados na época como P.T.O. ou plano de trabalho de oficina. Desenvolvíamos sob o olhar atento dos professores. E no plano de trabalho continha tudo, informações sobre velocidades a serem utilizadas, ferramentas de “desbastar”, “facear” e de acabamento, avanços de corte e assim por diante completando com informações de segurança.
Isso pode ser visto na imagem abaixo, um plano de trabalho que guardo com muito carinho até os dias atuais.
O curso tinha duração de 18 meses e depois mais 18 meses de contrato de aprendizagem com alguma fábrica onde era concluído o ciclo de aprendizagem e então nos tornávamos torneiros mecânicos.
Esse sistema de ensino me convenceu que é o mais adequado para a formação de profissionais e acredito que isso possa ser adaptado para nossa atualidade.
Empresas atualmente formam seus profissionais para suprir sua falta de mão de obra, há diversos cursos gratuitos na internet que promovem o conhecimento inclusive conhecimento de alta qualidade e percebo que cada vez mais as pessoas buscam faculdades com um objetivo. Diploma. E digo isso com convicção, pois os rótulos valem mais que conhecimento. Infelizmente.
Richard Feynman criticou o ensino de Física no Brasil por ser baseado na “decoreba”, sem estimular o raciocínio científico ou a observação empírica.
(LIKER 2022) cita que o ensino escandinavo forma não somente profissionais, mas pessoas que pensam.
(COWEN, 2009) afirma que:
A educação comparada como um campo de estudo acadêmico nasceu como consequência do estabelecimento de sistemas nacionais de educação; em uma era em que disciplinas da área de humanidades dominavam o currículo escolar na Europa, quando Bildung, na Alemanha, Culture Générale, na França, Liberal Education, na Inglaterra, ou Klassiki Paedeia, na Grécia, tinham basicamente o mesmo objetivo final: a preparação de indivíduos intelectual, moral e esteticamente cultivados, supostamente capazes de proporcionar bons serviços ao seu país e à humanidade, e dispostos a fazê-lo.
E porque ainda não possuímos essa mudança de paradigma?
A proposta que temos e que continuaremos estudando para encontrar um caminho aceitável é que as pessoas possam adquirir conhecimento de forma acessível e ao mesmo tempo colocar em prática aquilo que está aprendendo fazendo analogias com o cotidiano e pensando como seria dentro de uma empresa. Em dois cursos que disponibilizamos em nosso ambiente de aprendizagem, exemplificamos de uma forma bem simples para o aluno entender o que são atividades que não agregam valor e atividades que agregam valor. O exemplo? A preparação de um cafezinho. Pode ser um exemplo relativamente “tolo”, mas cabe ao receptor da informação fazer paralelos em seu cotidiano e nos processos da empresa que trabalha gerando assim pensamento crítico.
Estudar, aprender, fazer, errar e fazer novamente, mas nunca desistir da ideia até que provem contrário.
Hoje melhor que ontem e amanhã melhor que hoje.
—-
Referências bibliográficas
LIKER, Jeffrey. O modelo Toyota: 14 Princípios de gestão do maior fabricante do mundo, 2ª edição, Porto Alegre, Editora: Bookman, Brasil, 2021
RIES, Eric. A Startup enxuta: como empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem sucedidas, 1ª edição, São Paulo, Editora: Leya Brasil, 2012
MARINI, Eduardo, A expansão da Cultura Maker nas escolas brasileiras. Revista educação. 2019. Disponível em: < https://revistaeducacao.com.br/2019/02/18/cultura-maker-escolas/>. Acesso em: 19 jul. 2022
PAIT, Heloisa. A experiência de Richard Feynman no Brasil e o atual ensino das ciências humanas. Estado da arte. São Paulo, 2018. Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/a-experiencia-de-richard-feynman-no-brasil-e-o-atual-ensino-das-ciencias-humanas/#:~:text=Feynman%20criticou%20o%20ensino%20de,e%20a%20realidade%20que%20enxergavam. Acesso em: 19 jul. 2022.
1Empírica: Que se pauta ou resulta da experiência: pesquisa empírica.

Meu nome é Kleber Furlani sou formado em engenharia mecânica com pós-graduação em gestão de projetos e processos organizacionais. Possuo mais de 30 anos em manufatura e mais de 20 anos em gestão Lean, gestão de processos e gestão do conhecimento. Trabalho para que pessoas e empresas usufruam de todo potencial das técnicas da engenharia de produção.